A Câmara dos Vereadores de São Paulo terá a partir do próximo ano dois
ex-policiais da Rota (Rondas Ostensivas Tobias de Aguiar) entre os seus 55
vereadores. O ex-tenente-coronel Paulo Adriano Lopes Lucinda Telhada (), 50
anos, e o capitão aposentado Roberval Conte Lopes (), 65 anos, estarão entre os
representantes dos paulistanos. Polêmicos por suas declarações, ambos são
amigos ¿ ainda da época da PM - e têm discurso político parecido, de trabalhar
pela melhora das condições da Guarda Civil Metropolitana.
Telhada, que foi chefe da Rota até o ano passado, quando saiu a sua
aposentadoria compulsória, fez fama com declarações fortes contra os
criminosos. Da linha bandido bom é bandido morto, respondeu por mais de 30
mortes nos seus pouco mais de 30 anos de polícia. De acordo com ele, em apenas
um ano, foram 13.
Fama todo mundo tem. Principalmente quando se trabalha dentro da lei e
se é enérgico. Professor que cobra do aluno é tido como chato. Como policial,
tive um comando transparente.
Entre seus planos para o mandato que se inicia no ano que vem, a Guarda
Civil Metropolitana aparece no alto do que ele diz ser sua lista de
prioridades. O que eu quero trabalhar muito é com a guarda. Ela está apagada,
fora das funções. Há 6,3 mil policiais e você não vê ninguém na rua. Eles
precisam de plano de carreira, salário, novos concursos. Queremos que eles
estejam no apoio à segurança em São Paulo, diz.
Telhada diz que quer empregar rapidamente o seu estilo na Câmara. Comigo
não tem esse negócio de partido, de bancada. Eu vou atuar pró-comunidade, diz
ele. Segundo Telhada, a guarda tem de trabalhar dentro das suas atribuições, na
vigilância de bens públicos, por exemplo. Mas ela pode auxiliar o trabalho da
Polícia Militar, afirma.
Antes de assumir, porém, ele terá de
superar um pedido de impugnação do seu registro de candidatura feito pelo (-SP).
Isso porque o candidato teria publicado mensagens que incitam a violência em
sua conta na rede social Facebook. Em julho, o coronel sofreu críticas por incitar a violência em seu
perfil ao utilizar termos como vagabundos e safados para se referir a ladrões e
criticar organizações de direitos humanos que tratam da violência policial.
Após uma reportagem do jornal Folha
de S.Paulo sobre o tema, o repórter André Caramante teve de mudar a sua rotina
depois de sofrer ameaças de morte, que estão sob investigação pelas autoridades
paulistas.
Isso não me preocupa. Estou em paz, não fui eu que fiz. Há pelo menos
sete perfis com o meu nome nas redes sociais, de simpatizantes meus. No meu,
você pode lá procurar. Tenho cerca de 60 mil seguidores e não há nenhum tipo de
ameaça lá, defende-se.
Conte Lopes
Deputado estadual seis legislaturas consecutivas, Conte Lopes não se elegeu em
2010 e agora foi convidado pelo PTB a disputar uma vaga de vereador. Eleito com
quase 32 mil votos, ele afirma que também quer trabalhar pela valorização da
Guarda Municipal.
Há 8 anos não se abre um concurso para melhorar os quadros. São Paulo
vive um momento de muita insegurança e a guarda tem um papel importante a
cumprir, dentro das suas atribuições, diz. Conte Lopes é autor do livro Matar
ou Morrer, que originou o filme Rota Comando e fez fama nos anos 80 em ações
policiais com alto índice de letalidade.
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